Assaltos no entorno da USP

Sidney, estudante de geologia na USP, foi assaltado (e espancado) na semana passada numa das saídas de pedestre da USP e relatou sua história chocante em seu blog no Stoa. Vale muito a pena ler, inclusive os comentários onde se discute uma solução. O mais impressionante é o descaso da Guarda Universitária e da Polícia.

O último comentário até o momento (número 34) é sobre a entrada de pedestres que eu uso:

A coisa anda feia mesmo, hoje tentaram me assaltar praticamente na porta de casa. Isso porque moro a uns 20 metros de um portão de pedestres próximo ao da Vila Indiana (a portaria do mercadinho… nem todo mundo sabe onde fica) na Rua Francisco dos Santos. De uns meses para cá, os assaltos tem sido quase que diários.

Hoje tomei uma coronhada na boca e só não levaram as minhas coisas porque a rua estava cheia de testemunhas e um senhor ameaçou chamar a polícia. Realmente é preciso fazer alguma coisa, pois do jeito que está não pode ficar.

Apesar de saber que não surte muito efeito, peço para todos que foram atacados fazerem B.O.s, pois só assim ele podem mapear a área e verem que essa região está sendo muito visada.

Briga de rua

Briga

Fim da tarde… Cruzando de carro a Av. Sete de Setembro com a Rua Gil Stein Ferreira uma reunião enorme de pessoas me chamou a atenção. Cerca de 100 meninos e meninas formavam uma circunferência com uns 5 metros de raio; no centro dois moleques brigavam.

A roda gritava, empolgada. A violência estava deixando todos eles felizes, provavelmente todos eles odiavam as crianças que sairiam dali totalmente quebradas.

Em pleno centro da cidade, haviam várias pessoas passando e percebendo a tragédia: alguns continuavam seu caminho, outros paravam para observar melhor, ninguém fazia nada.

Seria hipócrita condenar o povo que não se mexia e alguns até assistiam o espetáculo. Eu e minha família, afim de não perder a hora do café, continuamos no carro a caminho de casa.

Insurreição

“A revolução não é o convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado, ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é um insurreição, é um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra.”

(Mao Tsé-Tung, O Livro Vermelho)

Será que tem que ser assim?

Mude-se para o mundo virtual

Second Life

O meu irmão foi assaltado ontem lá em Campinas. Um dia depois daqueles caras me abordarem aqui em Itajaí, um cara ameaçou espancá-lo porque ele não seguiu o meu conselho: não saia de casa. Ou saia em gangues e faça uma cara de mau pro assaltante pensar que vocês é que vão assaltá-lo.

Nós estamos vivendo num mundo absurdo. Não sei se isso só acontece no Brasil, não sei se no mundo inteiro. Dá vontade de fazer como o Rafael sugere: juntar um bom dinheiro e sair do país. Aqui no nosso país, no nosso mundo, no nosso universo… seja lá onde for, mas infelizmente no lugar onde eu estou, é impossível viver. As pessoas machucam umas as outras por dinheiro, por celulares que provavelmente serão convertidos em narcóticos, qual o sentido em tudo isso?

Como solução utópica precisamos aprender a viver dentro de casa. O Second Life parece-me um lugar bem mais tranqüilo para se estar. A saída para não sermos assaltados é construirmos todas as nossas relações no mundo virtual, porque o mundo real já está tomado e creio que os seus donos não sejam os que acessam a internet.

Aí, quem sabe daqui a uns anos, esses moleques assaltantes de hoje vão ter sumido, porque não vão ter a quem roubar até lá e com isso não sobreviverão. Aí a lei de Darwin estará a nosso favor: os mais ricos sobrevivem e não a favor deles: os mais fortes (?) sobrevivem.

Que situação ridícula. Sinto-me como se estivesse proclamando: “Burgueses de todo mundo, uni-vos!”

Não saia de casa

Manifestação pela paz

Itajaí durante feriados é vazia. Eu andei mais de três quilômetros de manhã e não vi civilização, ninguém andava na rua a não ser bêbados. Tudo está fechado. Cheguei à casa da Carol. Resolvemos almoçar no shopping. A casa da Carol fica a cerca de 300m do shopping. Quando estávamos já a uns 50m do shopping, na frente da Vanel, aconteceu a inspiração desse post. Três moleques fumando, de bicicleta, nos observavam e então pararam para combinar alguma coisa. Eu percebi que aquela parada não foi uma parada “normal”.

– Carol, aqueles caras querem alguma coisa com a gente.

– Parece que eles querem nos assaltar.

O que poderíamos fazer nesse momento? Depois, no shopping, pensamos que poderíamos ter corrido. Estávamos muito perto do shopping e os caras não iriam se arriscar. De qualquer maneira, continuamos andando, não sabíamos o que fazer. Dez segundos depois os caras vêm na nossa direção. O “líder” pára com a bicicleta na nossa frente e segura a minha camisa:

– Passa o celular. Quero só o celular. – e eu dei ao moleque meu celular de cinco anos. Ele e seus dois amigos iam saindo de bicicleta, mas ele voltou para jogar o celular de volta. Deve ter pensado “Essa coisa velha não deve valer nada”

Os três saíram correndo, o líder falou algo do tipo “Dessa vez passa playboy!”, não pensamos em nada muito interessante pra fazer. Também… Fazer o quê? Eles nem roubaram nada. No fim, fiquei com pena dos caras. Eles devem ter se concentrado ali no canto pra combinar o assalto, etc e tal e depois de toda aquela preparação eu não tinha nada pra dar pra eles.

E depois… Eles foram muito bondosos. O celular não valia nada pra ele, mas ele poderia ter levado para jogar fora depois ou pra tentar vendê-lo. Em vez disso ele voltou para me devolver o celular (na verdade jogar no chão, mas anyway…)

Terceira vez que sou assaltado em Itajaí (ok, a segunda não foi bem um assalto, o cara só levou minha bicicleta sem eu estar presente).

Quando você é assaltado, você fica tenso. Uma pessoa te ameaçar, segurar sua camisa, mandar você passar o seu celular pra ela… definitivamente não é uma sensação muito boa. De qualquer maneira, pelo menos ganhamos um post e ele não levou nada. Só conseguiu fazer com que ficássemos com medo de voltar pra casa.

Andar na rua é muito perigoso. As pessoas são muito violentas. Pra terminar redações a minha professora de português ensinou que eu preciso sugerir alguma coisa para mudar essa situação. Na falta de idéias, vou deixar esse texto assim mesmo pra vocês comentarem.

© 2005–2020 Tiago Madeira