A sala de aula ideal

Sala de aula

“Educai as crianças e não será necessário punir os homens.” (Pitágoras)

Peraí… Como assim educar as crianças?

Minha professora de história, nos últimos cinco minutos de sua aula, jogou uma pergunta à classe: Como deveriam ser as aulas de história? Enquanto uma grande parte dos alunos conversava, várias pessoas se manifestaram e sugeriram idéias diferentes. Fiquei a pensar: como contentar a todos? Como, afinal, seria uma sala de aula ideal?

Após a primeira reflexão, discuti com a professora como é complicado dar aula para uma sala. Existem vários tipos de aluno e cada um está na escola por um motivo e objetivo diferente (entre aqueles sem objetivo). Como juntar todos os alunos, ensiná-los do mesmo modo e avaliá-los da mesma forma? Como é possível dar aula para 40 pessoas tão diferentes uma da outra?

Na verdade o sistema da escola, a maneira como ela é uma obrigação (e as pessoas são empuradas para ela), a avaliação, a nota, o ensino, a juventude e suas metas (ou falta de metas)… tudo torna o processo educativo muito complicado. E ainda há duas questões de extrema importância: o porquê de educar e se realmente todos precisam saber do conteúdo.

Concluí que ninguém deveria estar numa instituição que prega que todos que têm a mesma idade são obrigados a aprender o mesmo conteúdo, no mesmo período, da mesma maneira e serem avaliados igualmente. E sim, eu sei que isso é uma máxima “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Mas mais do que isso, algumas pessoas em especial eu acho que não deveriam estar na escola. Há muita gente com dificuldade de concentração e de aprendizagem do conteúdo escolar…

Seriam eles inferiores? Creio que essa mentalidade está presente na construção da nossa sociedade. Porém, na minha opinião, nem todos nascem para o meio acadêmico e é para ele que a escola forma. Algumas pessoas (e não são nem um pouco inferiores por isso) têm outro jeito e deveriam ser tratadas de outra maneira. É uma pena que todos sejam mandados pro mesmo lugar e tratados como iguais. A igualdade nem sempre é boa, aliás, quase nunca.

Mas refletindo somente sobre a pergunta da Caroline individualmente e de maneira muito egoísta, resolvi que a melhor maneira de eu aproveitar as duas horas e meia semanais de história que temos (três aulas de cinqüenta minutos) é:

  1. Segunda-feira: discussão cultural-filosófica do conteúdo que todos pesquisaram e estudaram final de semana.
  2. Terça-feira: prova sobre o conteúdo que todos estudaram no final de semana e discutiram segunda-feira.
  3. Quarta-feira, quinta-feira: não tem aula de história. A professora corrige a prova.
  4. Sexta-feira: a professora entrega da prova, há uma socialização dos resultados e uma discussão para fechar o conteúdo. Tarefa para segunda-feira: pesquisar sobre um novo conteúdo (professora sugere um tema).
  5. Sábado, domingo: Alunos pesquisam e aprendem sobre o tema que a professora passou.

Já sobre a escola como um todo, sua obrigatoriedade, sua divisão por matérias e por idade, etc. é preciso um outro post, muito maior. Assim que Éris me inspirar escreverei sobre isto.

Em que Deus você acredita?

Uma pesquisa do Datafolha publicada hoje na Folha de São Paulo mostra que 97% dos brasileiros acreditam em Deus, 2% são agnósticos e 1% são ateus. Às vésperas da chegada do Papa Bento XVI no Brasil, 64% dos brasileiros se dizem católicos, 10% menos do que numa pesquisa realizada em 1996. 22% são evangélicos, 6% não possuem religião, 3% são espíritas e os outros 5% pertencem a outras religiões.

Acreditar em Deus… A minha professora de história me escreveu há algum tempo uma reflexão muito interessante:

Pessoalmente tenho dificuldades em definir “no que” acredito porque minhas concepções de divindade não condizem com algo que tenha uma forma definida… Não acredito no sagrado como uma coisa, mas convivo diariamente com coisas que, creio eu, são manifestações do sagrado… algo meio panteísta, entende? Não creio em um deus antropomórfico e centralista…creio que sou responsavel por meus atos e não abdico de nada por medo de um juízo final… Tenho dificuldade, no entanto, em definir com exatidão o que seria esse deus-tudo.

Falar em deus é totalmente subjetivo. Deus pode representar bons sentimentos, bons pensamentos, pode representar a humanidade… Creio que o problema da definição são as religiões que transformam Deus num “cara”, no Godot. Na minha humilde opinião, é ridículo temer um ser superior e fingir seguir leis que não são seguidas por ninguém.

Se o nosso país fosse mesmo cristão e católico não precisaríamos de governantes. A religião deveria governar todas as pessoas, porque ela já possui leis suficientes para isto. Vejam os 10 mandamentos, os sete pecados capitais… Para que haver julgamentos na Terra se todos têm certeza do Juízo Final?

Na época do Império Romano, o César era visto como um ser divino. Quando surgiu um cara dizendo ser Deus (aquele tal Jesus), César perseguiu todos os cristãos. Ele, com razão, não queria que adorassem o outro rei e as outras leis. Em 300 um fato que chama a atenção é a quantidade de vezes que os persas chamam Xerxes de divino.

A religião é o ópio do povo. Faz bem ter uma religião, participar de uma comunidade, então as pessoas acabam começando a acreditar em tudo o que é falado para elas… Como disse a Carol, igrejas são locais de paz. Como já disse Leonardo Boff, o problema da Igreja Católica é o alto escalão, mas os padres são pessoas boas que acreditam no que fazem, assim como os reais seguidores (que são menos que metade dos 64%).

Enfim, no que devemos acreditar? Bom… Justamente por religião ser uma crença não há nenhuma certeza. Creio que a religião dominante do nosso país e do mundo inteiro hoje é o cientificismo. Como já disse e repetiu o reverendo várias vezes: se acredita em Deus, não vá ao hospital. Fique em casa orando. Eu gosto da ciência, mas não acho que seja algo exato e acho que existem coisas além da ciência ou pelo menos muito longe de serem descobertas por ela. Então, na minha ingenuidade, prefiro acreditar nas pessoas sem adorar nenhum “deus a nossa imagem e semelhança” e nem um monte de caras loucos de roupa branca e óculos fundo-de-garrafa.

Criando um meme

O Mal Vicioso, melhor blog do Brasil, pela primeira vez resolveu criar um meme. E convida para responder a pergunta “Em que Deus você acredita?” os seguintes amigos blogueiros:

Que calor!

Nosso planeta vai derreter…

A mudança climática global está acontecendo mais rápido do que era previsto e o impacto é pior do que o esperado, segundo informações da segunda parte de um relatório da Organização das Nações Unidas ainda não publicado, mas que o site Spiegel Online teve acesso. Nenhuma região do planeta será poupada e algumas serão especialmente atingidas.

Segundo o documento, a influência humana nos últimos 30 anos teve um efeito perceptível em muitos sistemas físicos e biológicos, escreveu o autor da segunda parte do Relatório de Mudanças Climáticas 2007, ainda não publicado.

O Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC na sigla em inglês) está convencido de que o aquecimento global já está fazendo o planeta suar. A segunda parte do relatório será apresentada apenas em abril, em Bruxelas, após as discussões finais com representantes de governos de todo o mundo. O estudo deve ter um grande impacto político no debate em andamento sobre a mudança climática.

Notícia completa: Impacto da mudança climática é maior que imaginado

Os conservadores estadounidenses continuam a defender que o efeito estufa não tem nada a ver com o aquecimento global. Concordo com eles que é verdade que não é o Efeito Estufa que colabora para o aquecimento global. Mas dizer que o efeito estufa não colabora para o aquecimento global contraria o que eu já aprendi em física sobre passagem de calor.

Segundo os direitistas, a liberação dos gases é só boa para a evolução e não é ruim para ninguém. Na visão da política imperialista que não está nem aí pro futuro (ou será que realmente ela acredita no que fala e contraria as leis da física?), o importante é a expansão e o desenvolvimento – e foda-se o resto.

Os Estados Unidos são responsáveis por 25% das emissões de gás carbônico do mundo, mesmo só tendo 5% da população do mundo. Acreditando que o efeito estufa é fantasia e que o mundo nunca acabará, eles se recusaram a assinar o Protocolo de Kyoto e ainda influenciaram outros países, como a Austrália, a fazer o mesmo.

Bush e o protocolo de Kyoto

Como disse o presidente venezuelano Hugo Chávez, os políticos americanos põe o mundo inteiro em risco.

Porém, a Caroline está certa. Infelizmente não adiantam manifestações e nem mesmo escrever sobre isso. Os nossos colegas da Casa Branca não estão nem aí pra nós. Pelo menos já que o aquecimento global é um problema de todos, nós também podemos fazer algo pra mudar esse quadro. O Greenpeace traz sugestões muito interessantes que gostaria de compartilhar com vocês:

  • Economize energia elétrica: não guarde alimentos quentes na geladeira, use lavagem a frio na máquina de lavar, troque lâmpadas incandescentes por fluorescentes;
  • Dispense sempre que puder os saquinhos plásticos, e quando não for possível, reutilize-os para armazenar o lixo;
  • Separe os materiais recicláveis e incentive a coleta seletiva no seu condomínio, bairro ou cidade;
  • Use sempre materiais de limpeza biodegradáveis;
  • Ao comprar produtos de madeira, verifique sempre a origem e exija o selo FSC;
  • Peça e ofereça carona, além de divertido, você contribui para diminuir a poluição.

Tudo isso é possível, nada disso é complicado e nada disso nos custará muito. O que vocês acham de adotar essas medidas? Quem sabe assim conseguimos evitar uma realidade que realmente parece fantasia:

A Organização das Nações Unidas estima que 150.000 pessoas morrem anualmente por causa de secas, inundações e outros fatores relacionados diretamente ao aquecimento global. Estima-se que em 2030, o número dobrará.

O deus dólar

[…] Havia nascido o deus dólar. A riqueza e a opulência, a fortuna e o impulso desenfreado abriram caminho, nos anos seguintes, para o imperialismo do dólar. Os antigos ideais de liberdade, de dignidade humana e de democracia ficaram restritos às flores da retórica, ao espírito dos missionários puritanos e às exigências impotentes dos pensadores, enquanto a classe dominante dos milionários, dos banqueiros, dos reis da indústria e dos patrões dos trustes, comandados pelo tráfico de influências políticas e capitalistas, exibia descaradamente todo o poder de que desfrutava no mundo. E, como sucede em qualquer processo político, essa alteração da sociedade norte-americana desenvolvera-se ao longo de várias décadas, no relativo isolamento de um país em formação antes de se ter imposto, claramente à consciência mundial.

John Davison Rockefeller

Charge do magnata do petróleo John Davison Rockefeller (1839-1937) que, consciente de seu poderio econômico, considera os poderes públicos dos Estados Unidos como meros brinquedos em suas mãos.

Será que hoje vivemos num mundo muito diferente? Tenho a impressão de que esse deus ainda não morreu. Aliás, ele nem é da sua época, Nietzsche.

© 2005–2020 Tiago Madeira