Perdi minha carteira

Perdi minha carteira na última madrugada (08/julho/2011) em São Paulo. Estou escrevendo para que você, caso tenha encontrado ela (e assim chegou no meu site, colocando o meu nome no Google), não ter dúvida: sou eu mesmo. Por favor, entre em contato se for o caso (através dos comentários deste post ou do e-mail tmadeira@gmail.com). Muito obrigado!

Como resolver o problema do transporte público lotado em São Paulo

Por Anônimo bêbado falando sozinho num 917H lotado, sexta-feira às 18:30

Precisa de um Bin Laden. É o único jeito. Tem que explodir tudo. Explode essa gente que acaba o problema.

Não… não precisa. Tem só que devolver. Devolve todo mundo. Quem é de Minas, quem é do Nordeste. Só fica aqui quem nasceu aqui. Não ia sobrar nem um milhão.

Devolve tudo! Faz exame de DNA pra confirmar quem nasceu aqui mesmo. Não vai sobrar nem um milhão.

Se eu fosse vereador, ou prefeito, ou alguém que pode mandar em alguma coisa, devolvia todo mundo!

Epílogo

“Ah, aleluia! Tinha um homem falando besteira aqui. Pior que ônibus lotado é essa gente gritando.” (mulher mal-humorada ao telefone, após o autor do texto descer)

Parceria USP-Microsoft?

A notícia da visita de Steve Ballmer à USP me preocupou, em especial seu último parágrafo:

Para Massambani, a Microsoft pode acelerar os processos e alavancar os projetos já existentes no desenvolvimento de processos de criatividade na área digital, laboratório de criatividade e inovação. “A Microsoft pode ajudar a USP em projetos relacionados com infraestrutura, suporte, educação, sociocultural, servindo como popularização da ciência, inclusão social e digital. As duas podem cooperar para o desenvolvimento de pesquisas, capital intelectual e responsabilidade social”, considera.

A Microsoft tem esse costume (que o Sérgio Amadeu chama de “prática de traficante”) de oferecer a governos, universidades e mesmo a professores individualmente dinheiro, laboratórios, computadores e licenças do seu sistema operacional com esse discurso de inclusão digital e educação; criar dependentes.

Inclusão digital e social com um software que custa mais que o salário mínimo não é inclusão. Educação sem acesso ao código não é educação; é como ensinar a fórmula da soma de progressão aritmética sem permitir que o estudante saiba de onde ela vem ou criar cozinheiros ensinando a colocar lasanha da Sadia no micro-ondas. Popularização da ciência? Que ciência? A única popularização que vejo é da marca de uma empresa internacionalmente conhecida por sua política imperialista e por monopólio.

Desenvolvimento de pesquisa pra terceiros é capital intelectual desperdiçado. Por isso, essa parceria é o que eu chamo de irresponsabilidade social. É um erro uma universidade pública abrir as portas pra esse tipo de negócio que deseduca, desvirtua e vicia a sociedade.

Se a Microsoft quer tanto assim um mundo melhor e leva a sério seu próprio discurso de querer ver a população de São Paulo incluída digitalmente, sugiro que doe dinheiro aos telecentros paulistas sem esperar nada em troca.

Já tinha escrito um resumo disso no Twitter, mas achei conveniente repetir aqui.

Ano novo

Aprendo muito na Universidade. Não tanto nas aulas do currículo obrigatório, mas sem dúvidas naquelas que frequento porque realmente quero aprender, principalmente quando essas me desafiam. A falta de desafio nos torna medíocres e foi a falta de desafio que me tirou a vontade de ir para as aulas no semestre passado.

Mais do que na sala de aula, porém, aprendo nas bibliotecas, corredores e gramados. Os espaços de vivência e debates são os locais mais importantes da universidade (e usuários do DaD — diploma a distância — infelizmente talvez nunca experimentem isso). Nestes espaços aprendemos e reproduzimos discursos e ideias que nos fazem pensar e criticar a realidade.

Estes espaços não tem nada de especial e não são exclusivos das universidades, mas acredito que nas universidades é mais fácil criar essas rodas porque há muitas pessoas com interesses em comum. Além disso, eles não se limitam a debates políticos e filosóficos; deles pode surgir um problema puramente matemático.

Sem mais enrolação, vou narrar o fato: Acabou ontem a primeira semana de aulas da USP. Houve recepção aos calouros em todos os cantos do campus e eu passei pelo menos 14 horas todos os dias lá caminhando principalmente entre IME, FAU e FFLCH.

Definitivamente foi uma das semanas mais interessantes que já vivi nesta universidade até o presente momento. Li ótimos livros, participei de ótimas conversas e aulas-debate e conheci várias pessoas muito interessantes. Não vou entrar em detalhes sobre tudo isso, porém, visto que isto foge do assunto que planejei pra esse texto. Pra ser sincero, agora é que percebi: toda essa introdução foi exagerada e criou falsas expectativas para os leitores. Desculpem pelo meu pensamento caótico. Com efeito, sem mais enrolação (agora eu prometo), o ponto que quero chegar é o seguinte:

Sejam a, b e c números naturais. Sejam A e B subconjuntos dos naturais. Seja f : A → B uma função natural bijetora definida por f(x) = a * ⌊x / c⌋ + ⌊(x mod c) / b⌋. Qual pode ser o conjunto A para termos B = ℕ? Qual a função inversa f⁻¹?

Não é um bom problema? Tente resolver antes de continuar a leitura.

Certo. Para manter o texto divertido (e possivelmente confuso, confesso) prosseguirei de trás pra frente.

Tuitei esse problema às 15h de quinta-feira. Antes eu havia passado algumas horas caído por causa do cansaço. Antes eu tuitei que nunca tinha pensado em inversas de funções com módulo. Isso porque eu determinei a inversa dessa estranha função que atribui uma quantidade inteira de dinheiro (em reais) a uma quantidade de cervejas. Cheguei a essa estranha função porque algumas horas antes estava vendendo fichas de cervejas na festa da Calourada Unificada do DCE da USP. Uma cerveja custava R$ 2,00 e três cervejas custavam R$ 5,00.

Simplificando o caminho, agora de frente pra trás: Trabalhar de caixa correndo pra contar dinheiro (havia muita fila) inseriu na minha mente uma estranha função que me permitiu, mesmo com extremo cansaço, criar um problema muito divertido de matemática. (Eu passei o ano passado inteiro no IME e não inventei nenhum problema que eu tenha gostado.)

Agora vem a melhor parte: o problema em linguagem matemática parece assustador para a maioria, mas sua solução é absolutamente trivial se você sabe de onde ele veio e ficar restrito ao caso em que b ≤ c. De fato, concentre-se na venda de cervejas. A pergunta “Qual pode ser o conjunto A para termos B = ℕ?” é equivalente a “Qual os valores que não necessitam troco?” e a pergunta “Qual a função inversa?” é equivalente a “Qual a função que atribui número de cervejas ao seu preço?”

Bem… Não vou me alongar porque escrever recordou-me que preciso resolver o problema pro caso geral. Aproveitem o ano & bons estudos!

Meme: Símbolos fálicos contemporâneos

A Carol me convidou para participar do meme do Rev. Beraldo que tem por objetivo identificar alguns símbolos fálicos da atualidade.

De fato escolhi a primeira coisa que me veio a cabeça, sem pensar muito. E depois de um dia em que professores e estudantes entraram em greve na Universidade de São Paulo, a primeira coisa que me veio a cabeça foi a Torre do Relógio.

Torre do Relógio

A Torre do Relógio é um dos principais símbolos da grandiosidade da USP e fica no centro de um campo ao lado da reitoria.

Segundo o Gabinete do Reitor da Reitora,

O painel representando o mundo da fantasia tem a face voltada para o prédio da Antiga Reitoria, e sua face oposta, com o mundo da realidade, para o prédio da Reitoria nova.

O mundo da fantasia é assim representado: a Filosofia – Sofia (sabedoria), ladeada por seus amigos; Artes Plásticas – a Arquitetura, concebida como base para todas as artes plásticas; a Música (com a lira), a Dança, o Teatro (com a máscara); as Ciências Econômicas – estatística e oscilações; as Ciências Sociais – as forças agressoras emergindo do caos em contraposição à força protetora e, no centro, a criança; a Poesia – os namorados com a lua. O mundo da realidade apresenta a Matemática – Pitágoras (curvas de primeiro grau ou parábolas, curvas de segundo grau ou hipérboles e curva de grau superior). Como alusão ao futuro, a quadratura do circulo; as Ciências Geológicas – o arado primitivo – com o carvão esgotado, o petróleo escasso, a força nuclear será inevitável, mas pode também destruir a Terra, e os sobreviventes voltarão a usar o arado; a Física – três tipos de raio – solares, magnéticos e cósmicos; as Ciências Biológicas: pedras, folhas, animais; a Química – garrafas estilizadas; a Astronomia – a lua e as estrelas (Órion, Cruzeiro do Sul e outras). Detalhes

Hoje o topo da Torre do Relógio continha uma grande faixa “FORA PM”, mas não consegui achar uma foto em nenhum site de notícias. Uma pena. Então a foto clara dela fica mais pra mostrar o gramado ao lado:

Praça do Relógio (USP)

Sinto muito, mas não convidarei ninguém pro meme porque ando com medo de coisas que crescem exponencialmente.

© 2005–2020 Tiago Madeira