Eu conheço o segredo

Cometi um pecado: não levei a sério o bom conselho do meu sábio amigo e reverendo discordiano: assisti “O Segredo”.

O Segredo

Foi um filme difícil de ser visto até o final. Trata-se de uma série de repetições de uma mesma afirmação: “pense positivo e tudo de bom lhe acontecerá.”

Auto-ajuda é um saco. Assistir o filme só serviu para me fazer refletir sobre como essa filosofia barata ianque é ridícula.

A Lei da Atração, tema principal (e na verdade o único) do filme, é uma baboseira de um tamanho descomunal: segundo ela, mais de 180 pessoas não pensaram positivo nesta terça-feira e por isto morreram na tragédia do airbus A320 da TAM.

As crianças que vivem com AIDS na Uganda morrem porque não pensam positivamente. Porque, segundo o filme, ninguém que pensa positivo é miserável e a esse alguém não falta nada.

A mensagem é super simples: Quer US$ 100,000? Ora, basta você pensar e acreditar. É um ladrão? Pense que a polícia não lhe pegará e ela não lhe pegará. Quer encontrar seu par perfeito? É só imaginar. Nada depende dos outros, é como se você vivesse no seu mundo e se você desejar o bem tudo de bom magicamente lhe acontecerá.

Sinceramente; pense na sua vida e me diga que a realidade é linda assim. Eu realmente gostaria qfadas onde o bonzinho sempre vence, a princesa encontra o príncipe encantado e tue fosse, mas se os loucos estudiosos de física quântica e visionários que participaram deste pseudofilme não vivessem em bolhas talvez eles pudessem enxergar que não, isso não faz sentido algum.

Trata-se de um conto de odos vivem felizes para sempre. Para fazer o seu filho dormir, esse “segredo” é ótimo mesmo…

O incrível é a quantidade de pessoas que assistem este filme e que levam a sério, acreditam e dão depoimentos como “Eu sou uma pessoa realizada agora que leu/assistiu O Segredo”. Que grande idiotice! Acho que aprendi mais lendo Os Três Porquinhos

Além do bem e do mal

Além do bem e do mal

Mais uma sugestão de leitura do Mal Vicioso! O livro da vez é: Além do bem e do mal

Escrito por Nietzsche e publicado por várias editoras aqui no Brasil, “Além do bem e do mal” é um livro que não pode faltar na cabeceira de um filósofo. A obra desde seu primeiro capítulo critica filosofias metafísicas, religiões, moralismos e verdades. Faz-nos refletir sobre os nossos valores, ética e sobre a natureza do homem.

Nota: O estilo aforismático de autor traz tantas frases de tamanho efeito que resolvi me privar de colocar alguma aqui para não desprezar as outras.

O prelúdio a uma filosofia do futuro é um livro pesado, que deve ser digerido com muita atenção. Ainda estou no terceiro capítulo (A natureza religiosa), mas não posso deixar de recomendar esta obra excepcional de Nietzsche, que talvez hoje não fosse tão incompreendido (ou talvez o mundo não tenha mudado tanto assim nos últimos cem anos…).

A sala de aula ideal

Sala de aula

“Educai as crianças e não será necessário punir os homens.” (Pitágoras)

Peraí… Como assim educar as crianças?

Minha professora de história, nos últimos cinco minutos de sua aula, jogou uma pergunta à classe: Como deveriam ser as aulas de história? Enquanto uma grande parte dos alunos conversava, várias pessoas se manifestaram e sugeriram idéias diferentes. Fiquei a pensar: como contentar a todos? Como, afinal, seria uma sala de aula ideal?

Após a primeira reflexão, discuti com a professora como é complicado dar aula para uma sala. Existem vários tipos de aluno e cada um está na escola por um motivo e objetivo diferente (entre aqueles sem objetivo). Como juntar todos os alunos, ensiná-los do mesmo modo e avaliá-los da mesma forma? Como é possível dar aula para 40 pessoas tão diferentes uma da outra?

Na verdade o sistema da escola, a maneira como ela é uma obrigação (e as pessoas são empuradas para ela), a avaliação, a nota, o ensino, a juventude e suas metas (ou falta de metas)… tudo torna o processo educativo muito complicado. E ainda há duas questões de extrema importância: o porquê de educar e se realmente todos precisam saber do conteúdo.

Concluí que ninguém deveria estar numa instituição que prega que todos que têm a mesma idade são obrigados a aprender o mesmo conteúdo, no mesmo período, da mesma maneira e serem avaliados igualmente. E sim, eu sei que isso é uma máxima “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Mas mais do que isso, algumas pessoas em especial eu acho que não deveriam estar na escola. Há muita gente com dificuldade de concentração e de aprendizagem do conteúdo escolar…

Seriam eles inferiores? Creio que essa mentalidade está presente na construção da nossa sociedade. Porém, na minha opinião, nem todos nascem para o meio acadêmico e é para ele que a escola forma. Algumas pessoas (e não são nem um pouco inferiores por isso) têm outro jeito e deveriam ser tratadas de outra maneira. É uma pena que todos sejam mandados pro mesmo lugar e tratados como iguais. A igualdade nem sempre é boa, aliás, quase nunca.

Mas refletindo somente sobre a pergunta da Caroline individualmente e de maneira muito egoísta, resolvi que a melhor maneira de eu aproveitar as duas horas e meia semanais de história que temos (três aulas de cinqüenta minutos) é:

  1. Segunda-feira: discussão cultural-filosófica do conteúdo que todos pesquisaram e estudaram final de semana.
  2. Terça-feira: prova sobre o conteúdo que todos estudaram no final de semana e discutiram segunda-feira.
  3. Quarta-feira, quinta-feira: não tem aula de história. A professora corrige a prova.
  4. Sexta-feira: a professora entrega da prova, há uma socialização dos resultados e uma discussão para fechar o conteúdo. Tarefa para segunda-feira: pesquisar sobre um novo conteúdo (professora sugere um tema).
  5. Sábado, domingo: Alunos pesquisam e aprendem sobre o tema que a professora passou.

Já sobre a escola como um todo, sua obrigatoriedade, sua divisão por matérias e por idade, etc. é preciso um outro post, muito maior. Assim que Éris me inspirar escreverei sobre isto.

Em que Deus você acredita?

Uma pesquisa do Datafolha publicada hoje na Folha de São Paulo mostra que 97% dos brasileiros acreditam em Deus, 2% são agnósticos e 1% são ateus. Às vésperas da chegada do Papa Bento XVI no Brasil, 64% dos brasileiros se dizem católicos, 10% menos do que numa pesquisa realizada em 1996. 22% são evangélicos, 6% não possuem religião, 3% são espíritas e os outros 5% pertencem a outras religiões.

Acreditar em Deus… A minha professora de história me escreveu há algum tempo uma reflexão muito interessante:

Pessoalmente tenho dificuldades em definir “no que” acredito porque minhas concepções de divindade não condizem com algo que tenha uma forma definida… Não acredito no sagrado como uma coisa, mas convivo diariamente com coisas que, creio eu, são manifestações do sagrado… algo meio panteísta, entende? Não creio em um deus antropomórfico e centralista…creio que sou responsavel por meus atos e não abdico de nada por medo de um juízo final… Tenho dificuldade, no entanto, em definir com exatidão o que seria esse deus-tudo.

Falar em deus é totalmente subjetivo. Deus pode representar bons sentimentos, bons pensamentos, pode representar a humanidade… Creio que o problema da definição são as religiões que transformam Deus num “cara”, no Godot. Na minha humilde opinião, é ridículo temer um ser superior e fingir seguir leis que não são seguidas por ninguém.

Se o nosso país fosse mesmo cristão e católico não precisaríamos de governantes. A religião deveria governar todas as pessoas, porque ela já possui leis suficientes para isto. Vejam os 10 mandamentos, os sete pecados capitais… Para que haver julgamentos na Terra se todos têm certeza do Juízo Final?

Na época do Império Romano, o César era visto como um ser divino. Quando surgiu um cara dizendo ser Deus (aquele tal Jesus), César perseguiu todos os cristãos. Ele, com razão, não queria que adorassem o outro rei e as outras leis. Em 300 um fato que chama a atenção é a quantidade de vezes que os persas chamam Xerxes de divino.

A religião é o ópio do povo. Faz bem ter uma religião, participar de uma comunidade, então as pessoas acabam começando a acreditar em tudo o que é falado para elas… Como disse a Carol, igrejas são locais de paz. Como já disse Leonardo Boff, o problema da Igreja Católica é o alto escalão, mas os padres são pessoas boas que acreditam no que fazem, assim como os reais seguidores (que são menos que metade dos 64%).

Enfim, no que devemos acreditar? Bom… Justamente por religião ser uma crença não há nenhuma certeza. Creio que a religião dominante do nosso país e do mundo inteiro hoje é o cientificismo. Como já disse e repetiu o reverendo várias vezes: se acredita em Deus, não vá ao hospital. Fique em casa orando. Eu gosto da ciência, mas não acho que seja algo exato e acho que existem coisas além da ciência ou pelo menos muito longe de serem descobertas por ela. Então, na minha ingenuidade, prefiro acreditar nas pessoas sem adorar nenhum “deus a nossa imagem e semelhança” e nem um monte de caras loucos de roupa branca e óculos fundo-de-garrafa.

Criando um meme

O Mal Vicioso, melhor blog do Brasil, pela primeira vez resolveu criar um meme. E convida para responder a pergunta “Em que Deus você acredita?” os seguintes amigos blogueiros:

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