Você patentearia o Sol?

Assisti esses dias Capitalismo: uma história de amor do Michael Moore (que, aliás, recomendo muito) e um momento do filme me chamou especial atenção:

O Dr. Jonas Salk passou todo seu tempo pondo rins de macaco num liquidificador tentando achar a cura para a pólio. Quando conseguiu, ele decidiu fornecê-la de graça. Esse homem podia ter sido muito rico se tivesse vendido sua vacina a uma empresa farmacêutica, mas ele achava que seu talento deveria ser usado para o bem comum e o salário que ele ganhava como médico e professor era suficiente para ele ter uma vida confortável.

— Quem possui a patente desta vacina?

— Bem… eu diria que o povo. Não há patente. Você patentearia o Sol?

É… Longe se vai a época do Dr. Salk, pois hoje nossas melhores mentes são empregadas em outra coisa. Para onde enviamos os melhores em matemática e ciências?

O deus dólar

[…] Havia nascido o deus dólar. A riqueza e a opulência, a fortuna e o impulso desenfreado abriram caminho, nos anos seguintes, para o imperialismo do dólar. Os antigos ideais de liberdade, de dignidade humana e de democracia ficaram restritos às flores da retórica, ao espírito dos missionários puritanos e às exigências impotentes dos pensadores, enquanto a classe dominante dos milionários, dos banqueiros, dos reis da indústria e dos patrões dos trustes, comandados pelo tráfico de influências políticas e capitalistas, exibia descaradamente todo o poder de que desfrutava no mundo. E, como sucede em qualquer processo político, essa alteração da sociedade norte-americana desenvolvera-se ao longo de várias décadas, no relativo isolamento de um país em formação antes de se ter imposto, claramente à consciência mundial.

John Davison Rockefeller

Charge do magnata do petróleo John Davison Rockefeller (1839-1937) que, consciente de seu poderio econômico, considera os poderes públicos dos Estados Unidos como meros brinquedos em suas mãos.

Será que hoje vivemos num mundo muito diferente? Tenho a impressão de que esse deus ainda não morreu. Aliás, ele nem é da sua época, Nietzsche.

Yankee imperialist, go home!

Bush caused 9/11

[…] o senhor Presidente [Bush] veio lhes falar, assim o disse: “Hoje quero falar diretamente às populações do Oriente Médio, meu país deseja a paz…”. Isso é certo. Se nós andamos pelas ruas do Bronx, se nós andamos pelas ruas de Nova York, de Washington, de San Diego, da Califórnia, de qualquer cidade, de San Antonio, de San Francisco, e perguntamos às pessoas nas ruas, aos cidadãos estadunidenses. Este país quer paz. A diferença está em que o governo deste país, dos Estados Unidos, não quer a paz, quer nos impôr seu modelo de exploração e de saque, e sua hegemonia na base das guerras.

(discurso de Hugo Chávez na ONU em setembro de 2006)

Não é um discurso novo, mas por sugestão da Caroline eu acabei de ler e adorei. Inclusive me deu vontade de ler o livro de Noam Chomsky.

Nos links abaixo você pode ler o discurso de Chávez na íntegra:

Vale a pena também ler este excelente artigo da Cabala sobre os estadounidenses: Hitler era um cara legal ou realidade para otimistas idiotas

O país que se diz o mais democrático do mundo é o máximo. As idéias da ONU são lindas, mas o seu poder é nulo (os EUA fazem o que eles quiserem). Os EUA usam a ONU para proibir os outros países de fazer coisas que eles fazem sem a permissão de ninguém. Aí acontecem os genocídios, como as bombas nucleares no Japão e as guerras no Oriente Médio.

Nós, enquanto povo, não temos poder nenhum. Essa história de democracia = demo + cracia = poder do povo é uma piada pouquíssimo engraçada, que não cola. Enquanto os governantes do resto do mundo não se revoltarem contra o imperialismo norte-americano e assumirem uma postura como a de Chávez, não haverá mudanças. E isso é ridículo, porque os EUA, além de destruírem culturas, estão destruindo nosso planeta.

Alguma idéia?

Vai trabalhar, vagabundo!

“Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gênesis, 3:19)

Quando você pensa no futuro, o que vem à sua mente? A não ser que você tenha sido criado em outro planeta ou em outros tempos, a sua resposta é: trabalho. É com trabalho que conseguimos dinheiro, pra poder descansar. É uma lógica tão estúpida que não sei como ainda funciona.

Vai trabalhar, vagabundo Vai trabalhar, criatura Deus permite a todo mundo Uma loucura Passa o domingo em familia Segunda-feira beleza Embarca com alegria Na correnteza

Prepara o teu documento Carimba o teu coração Não perde nem um momento Perde a razão Pode esquecer a mulata Pode esquecer o bilhar Pode apertar a gravata Vai te enforcar Vai te entregar Vai te estragar Vai trabalhar

Vê se não dorme no ponto Reúne as economias Perde os três contos no conto Da loteria Passa o domingo no mangue Segunda-feira vazia Ganha no banco de sangue Pra mais um dia

Cuidado com o viaduto Cuidado com o avião Não perde mais um minuto Perde a questão Tenta pensar no futuro No escuro tenta pensar Vai renovar teu seguro Vai caducar Vai te entregar Vai te estragar Vai trabalhar

Passa o domingo sozinho Segunda-feira a desgraça Sem pai nem mãe, sem vizinho Em plena praça Vai terminar moribundo Com um pouco de paciência No fim da fila do fundo Da previdência Parte tranquilo, ó irmão Descansa na paz de Deus Deixaste casa e pensão Só para os teus A criançada chorando Tua mulher vai suar Pra botar outro malandro No teu lugar Vai te entregar Vai te estragar Vai te enforcar Vai caducar Vai trabalhar

(Chico Buarque)

O trabalho do “proletário” como existe hoje surgiu com a Revolução Industrial, no século XVIII. É engraçado que, quando estudamos esse período na escola, todos adoram criticá-lo; parece que faz parte de uma realidade distante e que hoje ninguém é proletário. Ninguém pensa no hoje e na nossa situação, porque todos estão conformados.

Antes do proletariado surgir, existiam outras formas de trabalho, como os artesãos e os escravos. Os artesãos trabalhavam por eles mesmo, não para burgueses. Os escravos trabalhavam para um senhor, mas esse site explica bem a diferença entre o proletário e o escravo:

Como se diferencia o proletário do escravo?

O escravo está vendido de uma vez para sempre; o proletário tem de se vender a si próprio diariamente e hora a hora. O indivíduo escravo, propriedade de um senhor, tem uma existência assegurada, por muito miserável que seja, em virtude do interesse do senhor; o indivíduo proletário – propriedade, por assim dizer, de toda a classe burguesa -, a quem o trabalho só é comprado quando alguém dele precisa, não tem a existência assegurada.

O trabalho não é uma necessidade. Quem não trabalha não é vagabundo. A própria palavra “trabalho” vem de “tripalium” e lembra tortura, sofrimento. A nossa mentalidade é baseada em uma série de conceitos que foram se formando ao longo do tempo e que pouca gente pára pra pensar se estão certos.

Qual é a solução? Um comunismo? Não sei, acho que não, mas também não tenho a resposta. Cada um pode decidir por si só, mas acho que do jeito que tá não é legal. Passamos a vida “escravos” de um sistema por dinheiro. Pensem bem: isso não faz sentido! Tem coisas muito melhores pra se fazer e pra se ter na vida. Às vezes parecemos retroceder em vez de evoluir. No fim, o que é importante?

Ninguém jamais deveria trabalhar. O trabalho é a fonte de quase todos os sofrimentos no mundo. Praticamente qualquer mal que se possa mencionar vem do trabalho ou de se viver num mundo projetado para o trabalho. Para parar de sofrer, precisamos parar de trabalhar.

(Hakim Bay)

Então é natal… Que frio!

Na teoria, natal é a data em que se comemora o nascimento de Jesus. Na prática, creio que o natal deveria ser chamado de Dia Internacional do Capitalismo.

Eu e a Carol pensamos em publicar uma série sobre o natal. Não sabemos se vamos conseguir dar conta de postar um artigo por dia ou a série vai se constituir de dois artigos, mas vamos tentar. :-) Esse é o primeiro post.

Viva o lado Coca-Cola do Natal – Que lado é esse?

Eu tenho a impressão de que as propagandas estão cada vez piores. Não só no natal, mas em geral. E o povo gosta, ou simplesmente não liga. “Beba Fanta e fique bamboocha!”… Quê isso? Existe um blog onde o assunto são justamente essas propagandas ridículas e mal feitas.

Qual o sentido do “lado Coca-cola do Natal”? Mas OK, não vou implicar com isso. O que eu quero que vocês me expliquem é por que está nevando no anúncio?

Que eu saiba, a gente está vivendo um calor infernal aqui no Brasil. Um velho gordo vestido com uma roupa peluda e pesada na neve, tomando Coca-cola? Onde está o bom senso?

A Coca-cola poderia (deveria) usar esse clima quente pra promover seu produto, não a neve! Nesse momento, eu estou com vontade de tomar uma Coca bem gelada. Esse calor é um motivo muito melhor pra tomar uma Coca do que o frio do anúncio. Alguém discorda de mim?

Tenho a impressão de que a gente copia umas coisas dos países do hemisfério norte (porque eles são desenvolvidos, nós não somos civilizados e nós queremos ser iguais a eles) que não combinam com a gente. E a gente nem pára pra pensar nisso…

Neve? Eu estou derretendo aqui sem camisa… Onde fica a sede dos Correios?

Vamos largar essa mentalidade e assumirmos que somos brasileiros? Concordo com o Rafael: nesta república, o Papai Noel deveria usar verde e amarelo, bermuda e camisa regata.

© 2005–2020 Tiago Madeira